segunda-feira, 21 de junho de 2021

Doce de Buriti

Doce de buriti a formosura do piauense, dos seus buritizais perdidos é veredados de sonho. 



Foto: Pedro Henrique
Verso: Pedro Henrique
Local: Palmeirais/Piauí 

segunda-feira, 17 de maio de 2021

PIVETE


Defendo meu canto
Teu pranto
E o espanto ridículo de tantos

Por todos os lados
Os cantos
As partes

Parto e absorvo
O silêncio dos olhos
Das línguas
Das poesias cansadas!

Calço a dor
E percorrendo um chão abstrato
Descubro o universo em mim.

Sou mais um favelado
Na era do consumo
Sem estomago
Sem trapo
Sem teto.

Sou mais um pivete de rua


Sem escola
Sem infância
Sem futuro.

Marginalizado por um regime
Burguês e autoritário.

Sou mais um ser humano
Resíduos de uma espécie
Que tinha tudo pra dá certo


Pedro Henrique



sábado, 17 de abril de 2021

Por Ser Poeta


Minha poesia
Não é jovem nem velha
Não é macho nem fêmea
Minha poesia é só poesia
Não tem idade nem sexo.

Também não tem pernas nem braços
Mas caminha numa estrada
Que leva a muitos sentidos.
Não é feita de olhos,
boca ou dentes
Porque é bem mais que matéria:
SOU EU.


Pedro Henrique

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Eu queria ser poeta


Eu queria ser poeta.
Ser poeta para escrever sentimentos, angústias, felicidade.
Para as palavras saírem do pensamento naturalmente.
Porque ser poeta é bonito, é mágico.

Eu queria ser poeta.
Ser poeta para um dia todos se lembrem de mim.
Para sentirem minhas palavras.
Porque ser poeta alivia.

Eu queria ser poeta.
Ser poeta para ninguém saber quem sou.
Para ficarem na dúvida de minha existência.
Porque ser poeta é viver na imaginação.


Pedro Henrique

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Poesia -Testemunho


O que foi trivial agora é raridade.
Falta ânimo, sobram receios.
Há uma crise de voluntariedade.
Acionamos todos os freios.

Pouco se ama.
Muito se cobra.
Há muita cobra.
Resistente à chama. 

Realizar em segredo é bobagem.
Tudo vira publicidade.
Eu levo a tua bagagem.
Depois grito: – Viram? Isto é amar de verdade. 

Labirintos existem aos montes.
Confusões nos assediam.
Derrubaram as pontes.
Que a paz e o sonho percorriam.

O brilho está ofuscado.
Os dias passam, cresce a escuridão.
Nossos pés estão parados.
E não trabalham as nossas mãos.

Pedro Henrique

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Poema Marginalização

 

Observo a rua
Longa e marginalizada
Pela brutalidade dos homens
Pela “nóia” fútil e desmedida
Que despreza a humanidade
A sensibilidade
A simplicidade.

Arando a terra
Para uma miséria que nasce,
cresce, se expande...
Ataca por todos os lados
Derrubando e amassando
A massa,
O pão,
As flores.

A hipocrisia dos homens faz barulho
E todos fingem que não ouvem...
Será possível?


Pedro Henrique

 

terça-feira, 19 de março de 2019

poema da libertação do rio



não tenho medo da palavra que corta o rio que divide o rio em dois hemisférios
duelo de águas nas costas da maré
quantas vezes deixei de naufragar?
quantas vezes não vi o rio sobre o rio e pensei ser um rio só?
isso é a porrada do mundo
da força do mundo sobre a miudeza nos olhos que só procuram pelo pouco a gente nunca sabe como funciona
o olho da esperança
a gente nunca conserta
um dente de leão
eu tenho medo é de velhas dores
ou de não entender que a poesia vai além da rima
eu tenho medo é de achar
que o rio não é libertação
que só pode lavar banhar molhar navegar
e outros verbos que só servem para a linguagem repartir o rio vai além de passar a faca ao meio repartir o rio com o sol
repartir o rio com a chuva
repartir o rio com a canoa
quer dizer sinônimo de poesia
você tem histórias com o rio?
imagine um cavalo correndo nas mãos da pororoca imagine uma boiada indo em disparada no banzeiro imagine que do rio o barro é uma jura de amor eterno se o mururé disser que um dia foi uma estrela
acredite!
essa é uma história nascida do possível que a vida gera o que você levaria do rio?
uma corrente de água
fenômeno raro das marés?
um Deus que fosse sujeito ao toque
a forma física do rio que nunca dorme?
eu vou repartir é a minha sede com o rio
eu vou repartir o meu tambor
em dia de santíssima trindade
do rio eu levo a fúria a alquimia o deserto e o universo os seus pontos cardeais quero no poema
o seu santo remédio a sua visagem o seu nascedouro
o rio é poesia
acredite no que lhe falo
quem chorou o rio e o fez assim não foi Deus
quem chorou o maior rio do mundo foi um poeta.

Pedro Stkls 

obra “Amazonas” da artista plástica Silvia Marilia

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Poema Marginalização


Observo a rua
Longa e marginalizada
Pela brutalidade dos homens
Pela “nóia” fútil e desmedida
Que despreza a humanidade
A sensibilidade
A simplicidade.

Arando a terra
Para uma miséria que nasce,
cresce, se expande...
Ataca por todos os lados
Derrubando e amassando
A massa,
O pão,
As flores.

A hipocrisia dos homens faz barulho
E todos fingem que não ouvem...
Será possível?

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Poema de Verão



li muitos poemas de verão

alguns com o sol super aberto

quarenta sessenta graus

tocando palavras que

não usam protetor solar

por exemplo amor saudade perda

há poemas que só funcionam

queimando sobre a pele.


Pedro Stkls 


obra da artista plástica Silvia Marilia 


terça-feira, 19 de março de 2013

SÓ DE SACANAGEM

   
Meu coração está aos pulos!

Quantas vezes minha esperança será posta à prova?


Por quantas provas terá ela que passar? Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu, do nosso dinheiro que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais. 


Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova? 


Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais? 


É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz. 


Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam: "Não roubarás", "Devolva o lápis do coleguinha", "Esse apontador não é seu, minha filha". Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar. 


Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará. Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar.


Só de sacanagem! Dirão: "Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo mundo rouba" e vou dizer: "Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau." 


Dirão: "É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal". Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal. Eu repito, ouviram? Imortal! Sei que não dá para mudar o começo mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final!



Elisa Lucinda